Programa Artemis sofre com possível novo adiamento de 2 anos
Mais uma vez vem se tornando extremamente improvável que as missões Artemis continuem dentro do atual cronograma.
Atualmente programada para setembro de 2025, a missão Artemis II será o primeiro voo tripulado do Space Launch System e pretende dar uma volta na Lua em uma trajetória de livre-retorno, testando as capacidades de acoplamento, suporte à vida e funcionamento geral da cápsula Órion.
Inicialmente, após o primeiro lançamento do SLS em novembro de 2022, era esperado que a Artemis II fosse lançada em setembro de 2024. Mas danos inesperados na plataforma de lançamento, problemas com o escudo de calor da Órion e necessidade de atualizações para suportar a missão forçaram a NASA a adicionar 1 ano no cronograma, empurrando a Artemis II para 2025, e consequentemente a Artemis III para 2026. E a cada dia que passa, essas datas também estão se tornando mais irreais.
Um recente comunicado do Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA cita que o programa Exploration Ground Systems - programa que cuida dos sistemas de solo que suportam os lançamentos do SLS, incluindo a torre móvel de lançamento - tinha vários meses de margem para trabalhar em função de um lançamento em setembro de 2025 no início desse ano. Mas agora, toda a margem foi utilizada em problemas técnicos encontrados durante testes da torre de lançamento/plataforma.
Problemas são esperados para essa fase do programa, pois muitos dos sistemas foram testados pela primeira vez, mas devido a atual falta de margem qualquer problemas encontrado deve ser traduzido em mais adiamentos para a missão.
Mas além do EGS, outra vertente da Artemis II vem esquentando a cabeça das equipes da NASA: O escudo de calor da Órion.
A Artemis I tinha como principal objetivo o teste do escudo de calor da Órion, foi a primeira vez em que a cápsula seria testada retornando em velocidades lunares (~40.000 km/h). A reentrada foi um sucesso, finalizando a missão com um pouso no Oceano pacífico, 25 dias após o lançamento.
Só que análises pós-missão revelaram erosão excessiva do escudo e perda de pedaços do material Avcoat, que poderiam causar riscos significativos para os astronautas no futuro. Recentemente, a NASA descobriu a causa-raiz do problema após meses de pesquisa e testes, mas ainda não foi revelada devido ao momento devido às eleições presidenciais americanas.
"Estivemos conversando dentro da agência para termos certeza que entendemos bem não apenas o que acontece com o escudo de calor, mas também os próximos passos e como isso implica no caminho que seguimos para a Artemis II. [...] E esperamos ser capazes de compartilhar onde estamos em relação à isso antes do final do ano." - Lakiesha Hawkins, administradora assistente do programa Moon to Mars, da NASA
A NASA foi capaz de realizar testes que reproduziram o ambiente da reentrada no Centro de Testes da Arc Jet, mas ainda assim não é possível replicar exatamente as mesmas condições. Mudanças analisadas para a Artemis II envolvem alterações na trajetória de reentrada e no modelo do escudo de calor. Qualquer trabalho que necessite ser realizado no escudo envolverá ao menos uma desmontagem parcial da Órion, que já está encaixada no módulo de serviço, o que indica certeza de atrasos no cronograma e até que alguns testes sejam refeitos.
Mais informações sobre esse problemas devem surgir após a conclusão de todos os testes e da corrida presidencial, por volta do final de novembro. Enquanto isso um ar de mistério ainda paira sobre essa situação da Órion e atrasos na Artemis II.
O caminho para a próxima missão da NASA está bastante conturbado e sofre diversas críticas ao custo cada vez mais alto de todas as partes, além da pressão que a China deve infringir no futuro com o primeiro pouso tripulado marcado para 2030.
E chegamos ao fim de mais um tópico sobre essa grande novela do programa Artemis.
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